Na Estrada Real, há quem viaje pelas paisagens deslumbrantes, pelas cachoeiras aos montes ou pelas apaixonantes construções históricas. Não importa qual é seu roteiro preferido — a boa gastronomia estará presente!
Afinal, a comida mineira já ganhou terreno e admiradores em todo o país — e o berço de todas essas delícias é a Estrada Real. Do ora-pro-nóbis ao pastel de angu, passando por vinhos de uvas estrangeiras ou da nacionalíssima jabuticaba, o paladar vibra com vários os roteiros gastronômicos possíveis na viagem.
Quer ficar por dentro das melhores harmonizações e roteiros? Confira nossas recomendações!
Caminhos da Estrada Real
Ligando 199 cidades por mais de 1.600 quilômetros, a Estrada Real é um conjunto de caminhos que passam por Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Surgiu no século 17 com o trânsito de mineradores, tropeiros e exploradores seguindo o fluxo do ouro e dos diamantes.
Seus quatro caminhos são:
- Caminho Velho: conhecido também por Caminho do Ouro, é o mais antigo. Liga Ouro Preto a Paraty;
- Caminho Novo: vai de Ouro Preto ao Rio de Janeiro. Criado como alternativa ao Caminho Velho, era uma forma de evitar os ataques piratas da rota marítima entre Rio de Janeiro e Paraty;
- Caminho dos Diamantes: ligava a principal cidade fornecedora de diamantes, Diamantina, à sede da capitania, Ouro Preto;
- Caminho do Sabarabuçu: aberto para exploração de ouro na Serra da Piedade, liga Cocais a Glaura, fazendo um laço entre os caminhos Velho e Novo.
Agora que já conhecemos os caminhos, vamos ver as iguarias e sabores que podemos encontrar ao percorrer cada um deles!
Mineiridade à mesa
A partir de Diamantina, qualquer caminho que você escolher trilhar será abundante em comida mineira. Vale conferir alguns dos tesouros dessa gastronomia:
Diamantina
Cheia de história e belezas naturais, Diamantina é um dos destaques do Vale do Jequitinhonha. A aconchegante e misteriosa cidade histórica permite experimentar um pouquinho da culinária mineira em uma visita ao seu Mercado Velho, por exemplo.
Principalmente nos sábados pela manhã, dia de feira, você tem a chance de provar um pouco de tudo o que é produzido na região — muitos produtores locais de laticínios, biscoitos e verduras estarão por lá. Para harmonizar os quitutes, café ou cachaça são opções tradicionais.
Vale conferir também o Café no Beco da Tecla, aos domingos de manhã: uma reunião de quitandeiras, artesãos e músicos em um beco, para tomar um café a céu aberto. Não deixe de conferir também as Vesperatas, em que músicos tocam das janelas para o público, como uma serenata invertida.
Serro
Um pouco ao sul de Diamantina, Serro é a casa do queijo minas. Afinal, é a região queijeira mais antiga do estado, com 300 anos de história. Com a modernização da produção e do consumo, diferentes tipos de queijos podem ser encontrados: desde o serro tradicional, menos curado, até novas produções, maturadas e cheias de aroma.
A cidade é conhecida também pelas quitandas, herdadas das tradições portuguesas. Uma recomendação são os pastéis folhados, que lembram os pastéis de nata portugueses — com um cafezinho, é escolha certeira!
Conceição do Mato Dentro
Aqui, duas iguarias feitas de milho serão encontradas: o pastel de angu e o fubá suado. O pastel de angu já tem seus seguidores fiéis, que amam sua casquinha crocante e seu recheio cremoso, que pode ser vegetariano (queijo minas, ora-pro-nóbis) ou não.
Já o fubá suado é uma iguaria histórica, prato dos trabalhadores do campo. O fubá, geralmente “suado” em banha, é temperado com queijo ou rapadura e acompanha um café coado quentinho.
Cozinha do Caminho Velho
Se você vai trilhar o Caminho Velho, dê uma atenção especial a três cidades pelas quais ele passa: a cidade histórica de Tiradentes, em Minas Gerais; Guaratinguetá, abaixo da Mantiqueira, já em São Paulo; e Paraty, a bela cidade histórica litorânea no Rio de Janeiro.
Nesse roteiro, você tem a chance de experimentar uma culinária diferente da comida mineira tradicional, mas não menos saborosa!
Tiradentes
Reduto de vários restaurantes e chefs renomados, a cidade histórica tem se tornado referência de culinária no estado. Não é à toa então que foi escolhida para sediar o Festival de Cultura e Gastronomia, que acontece todo ano na mesma época, entre agosto e setembro.
Já tradicional na cidade, sendo realizado desde 1998, o festival traz diversos chefs e atrações culturais para o público. Mas o principal, é claro, é a comida. Jantares especiais harmonizados com vinhos são o carro-chefe do festival.
Lá você terá oportunidade de experimentar vários tipos de pratos: dos mais tradicionais aos mais exóticos. Ano passado, o tema foi diversidade. Vale a pena conferir!
Guaratinguetá
Não deixe de experimentar o produto principal da cidade, que é a truta. Trata-se de um peixe encontrado em abundância na região, que tem uma carne saborosa e delicada.
Pratos como truta ao molho de alcaparras ou moqueca de truta vão ficar ainda melhores se acompanhados de vinhos brancos de corpo médio, como o Chardonnay. Vale a pena se programar para pegar o Festival da Truta, que acontece na cidade, sempre por volta do mês de julho.
Paraty
Essa linda cidade, que ao mesmo tempo é histórica e litorânea, não precisava de mais nada para ser visitada. Sede da Festa Literária Internacional de Paraty, que ocorre em julho, também tem seus atrativos gastronômicos.
Banhada pela Baía de Ilha Grande, a oferta de pratos com frutos do mar é um destaque entre os roteiros gastronômicos da Estrada Real. Pratos com polvo e camarões chamam a atenção: a paella é uma ótima escolha. Um vinho rosé pode ser o acompanhamento perfeito para a harmonização.
Roteiros vegetarianos
Diferentes opções de pratos veganos e vegetarianos cheios de mineiridade também podem ser encontrados pela Estrada Real. Veja como, na Estrada, a culinária vegetariana vai muito além do queijo!
Sabará
Uma das cidades históricas mais próximas da capital, Belo Horizonte, surpreende em maio com pratos produzidos com uma hortaliça mineiríssima: ora-pro-nóbis. Um excelente alimento para veganos e vegetarianos, é altamente proteica e combina muito com queijo minas e angu.
Caeté
Aproveitando a proximidade de Sabará, vale a pena conhecer o misterioso Queijo da Caverna. Produto exclusivo da cidade, é produzido no belo Santuário da Nossa Senhora da Piedade, também digno de visita.
Cunha
Cidade produtora de pinhão e cogumelos, promete sempre pratos refinados e inovadores, inclusive em sua tradicional Festa do Pinhão entre abril e maio. Para uma harmonização menos tradicional, mas mais mineira, que tal experimentar vinho de jabuticaba?
Viu como a Estrada Real facilmente nos apaixona pela gastronomia? Há tanta opção que nem conseguiríamos recomendar tudo aqui — os festivais de jabuticaba, como o de Sabará, o de Rocambole de Lagoa Dourada e a cerveja artesanal de Petrópolis e Juiz de Fora são alguns exemplos, entre tantos outros.
Ficou com vontade de fazer esse turismo gastronômico? Saiba então tudo sobre a Estrada Real e se prepare para pôr o pé — e o paladar — na estrada!